Casado e pai de dois filhos, ele começou a apostar em esportes há cerca de três anos. Depois, passou a jogar em cassinos online e perdeu o controle. “Na prática, eu roubei o dinheiro dos meus filhos para apostar”, afirmou ao relatar que usou a previdência feita para as crianças, cujo valor foi gasto em poucas horas em plataformas digitais.
A gravidade do vício foi descoberta recentemente, quando o pai decidiu pedir a interdição judicial para proteger o filho e preservar o patrimônio da família diante do avanço das dívidas e da ameaça de ruptura familiar. A decisão determinou o bloqueio das contas, a suspensão do CPF para movimentações financeiras e a exclusão do cadastro em sites de apostas.
Como o vício começou
O dentista iniciou com apostas em esportes como futebol, futebol americano e tênis, seguindo perfis de dicas nas redes sociais e vendo nisso uma forma de complementar a renda. A situação se agravou em 2024, quando ele migrou para cassinos online.“Nos esportes eu tinha que esperar o final do jogo para saber se ganhei ou perdi. Já nos cassinos essa espera é de apenas dez segundos. Foi aí que perdi o controle”, contou.
Segundo ele, o celular virou o principal gatilho: bastava um momento ocioso, como a ausência de pacientes, para apostar.
“De vez em quando, a gente ganha, e isso cria a ilusão de que pode ganhar sempre. Nossa cabeça só se lembra das vitórias e esquece das perdas.”
Dívidas e risco de perder o apartamento
Em março de 2024, o dentista acumulava uma dívida de R$ 60 mil. Já havia procurado um psiquiatra por conta própria, e os pais acreditaram tratar-se de um surto isolado. Três meses depois, as dívidas ultrapassaram R$ 400 mil.De acordo com o UOL, o pai descobriu que o apartamento da família havia sido colocado em risco sem o conhecimento da esposa do dentista, o que abalou a confiança do núcleo familiar. O celular do homem foi confiscado e apenas dois contatos ficaram liberados.
A família buscou ajuda profissional, decidiu pela interdição e implantou uma planilha de fluxo de caixa para que a esposa assumisse as contas. Parentes quitaram os empréstimos mais caros para tentar salvar o imóvel.
A mulher pediu o afastamento temporário do marido e avisou que cogita o divórcio em caso de reincidência. Para o pai, a interdição foi a única forma de preservar a família.
“A perda de confiança que este novo fato nos proporcionou, além do choque inesperado, levou-nos a tomar medidas extremas. É muito difícil para um pai fazer isto, mas tinha de ser feito”, afirmou.
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